outubro 25, 2008

BELA LEITURA



Terminei um livro que simplesmente me fascinou!
Como não ando com muito tempo para escrever, aproveito para vos deixar uma sinopse muito bem conseguida, que "apanhei" num blog interessante: http://hasempreumlivro.blogspot.com.
Obrigada Claudia!


"A Rainha do Sul"


Arturo Pérez-Reverte (ASA)



A articulação do jogo de interesses na teia do mundo do crime à escala mundial numa história de amor, traição e vingança.


"A Rainha do Sul" é um romance obtido a partir do resultado de um exaustivo trabalho de investigação levado a cabo pelo autor, sobre a estruturação de uma economia paralela à escala mundial.


Para poder levá-lo a cabo, teve de proceder à indagação sobre a vida de uma conhecida narcotraficante residente em Espanha, mas originária do México que operava através de uma empresa que, por sua vez, mantinha a fachada de transportadora internacional de mercadorias.


Partindo de vários testemunhos de personalidades estreitamente ligadas à denominada "Rainha do Sul", irá aperceber-se de que forma se articula o tráfico de haxixe e cocaína com as principais redes internacionais do crime organizado: ligações de Espanha a Marrocos, à Colômbia, funcionando o Sul do país de "nuestros hermanos" como entreposto para o comércio de estupefacientes com toda a Europa, em conexão com as associações criminosas italianas (a Máfia da Sicília, a Camorra de Nápoles e a N'Dranghetta da Calábria) e com o narcotráfico com a Europa de Leste.


Juntamente ao tráfico de drogas, o autor deixa, também, entrever um pouco as ligações ao "tráfico de carne humana", concretamente nos bares de alterne da já referida zona turística espanhola.Nesta obra, temos a oportunidade de observar com minúcia o desenrolar do processo de lavagem de dinheiro, as operações de transporte de droga, chantagem e esquemas de fuga à Lei aos quais se junta, muitas vezes, um trabalho de "parceria" da parte das autoridades oficiais (polícia, tribunais, autarquias, governo) com os narcotraficantes.


O ritmo da história é contado a duas velocidades: em primeiro lugar, temos o investigador-repórter que entrevista os principais intervenientes na história em contacto com Teresa Mendoza. Aqui, a narrativa adquire um ritmo mais lento para permitir ao narrador analisar e avaliar o entrevistado e, por vezes, manifestar os seus próprios pensamentos e pontos de vista.


Por outro lado, temos a parte do romance propriamente dito que implica o lado criativo do autor, na qual, o narrador, omnisciente e não participante, facilita a reconstituição dos episódios vividos pela protagonista e das cenas que envolvem as personagens entrevistadas.


A partir daqui, podemos identificar uma heroína/vilã que encarna uma versão feminina da personagem Edmond Dantés do romance "O Conde de Monte-Cristo" de Alexandre Dumas. Com a diferença de tratar-se de uma mulher-fatal dos nossos dias que, para triunfar num mundo de homens, irá assumir o papel de vingadora pela morte de um namorado assassinado em consequência de um ajuste de contas ditado pela infracção das regras do jogo.


Depois de passar algum tempo na prisão, Teresa irá, tal como a personagem de Dumas, encontrar os meios para consumar a sua vingança e procurar uma posição no mundo dos negócios de transporte de estupefacientes.


Uma "Condessa de Monte-Cristo" dos finais do sec. XX, mas retratada ao estilo frio e cáustico de Reverte, que teve o cuidado de alterar os nomes das personagens e das localidades mencionadas na obra.Um texto brilhante, pródigo na utilização da gíria e calão dos narcotraficantes e do ambiente tenso de quem vive constantemente no fio da navalha.




Cláudia de Sousa Dias

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