dezembro 28, 2006

ATENTADOS PUBLICOS

Quem nunca pensou ou reflectiu, no que vou escrever, que levante o braço ou “atire a primeira pedra”!
Em pleno séc. XXI e, já nos finais de 2006, ainda somos vitimas, todos nós, de uma série de atentados: à moral e bons costumes, ao pudor, à inteligência, ao bom senso, à lógica, ao respeito, à dignidade, ao bolso, enfim… um rol interminável! Reflictamos sobre alguns, que para mim, são tão absurdos, que se tornam irreais!




O LIXO
Não é concebível a proliferação dessa matéria inorgânica (e algumas vezes orgânica mesmo), que abunda nesta capital.
É certo e sabido, que a malta não contribui muito, ou mesmo nada, mas os serviços municipais responsáveis por esta matéria, também permanecem aquém de qualquer expectativa!





Por exemplo, tenho quase a certeza, que somos o povo que mais “consome” sacos de plástico! Indício óbvio de subdesenvolvimento, mas okay, ainda é aceitável, que não tenhamos ainda tido o bom senso, de optar pela matéria reciclável, ou pelo simples papel! Até aí…tudo certo. Mas… deixar que esse produto se torne tão “natural” a ponto de ser encontrado a esvoaçar por todos os cantos desta nossa “menina do mar”, são outros quinhentos! Em dias de vento então, caramba, se nos distraímos, corremos o sério risco de levar com um deles, bem gordurento ou fedorento, bem no meio das fuças.


O mau hábito, fruto da falta de civismo, de deitar tudo o que não nos serve para mais nada, para o primeiro lugar que se nos apareça à frente, é deveras afrontador. Começando pelos bairros mais desfavorecidos (e por isso mesmo, mais desprovidos de condições habitacionais), que preferem atirar seu lixo para as ribeiras (que se entopem às primeiras gotas de água), ao invés de o colocar nos contentores (que por acaso até os há), passando pela classe média (detentora de um status quo de aparências), moradora em bairros mais “nobres”, que parece ter nojo de se chegar aos contentores que fedem e tresandam, preferindo depositar seus “dejectos”bem ao lado dos mesmos, à mão de semear dos cães e “grabatadoris di lixu”, àqueles que o atiram das janelas e saguões dos seus 2º, 3º e 4ºs andares, cientes que nenhuma testemunha possa denuncia-los, até chegar ao simples transeunte, que à falta de pequenos cestos de lixo pela cidade, deitam o papel ou a casca, ou mesmo a garrafa, para o chão, sem nenhum tipo de complexo ou vergonha, são todas cenas dignas da era Neandertal. Nunca, de um país que se pretende digno do interesse do mundo, dum país que se diz de desenvolvimento médio, nem muito menos de um país que se fez contemplar pelo MCA!
A malta precisa, urgentemente, de ser educada! Como, não sei! Mas decerto, há-de haver capacidades para pensarem no propósito e elaborarem um plano estratégico de urgência! Senão, a continuar desta maneira, entramos num verdadeiro Estado de Sítio!
Quanto aos serviços municipais, que deveriam garantir a qualidade de prestação de serviços em prol do meio ambiente, sobretudo através de uma colecta de lixo regular e eficiente, são um autêntico Deus nos acuda! Em dias que antecedem algum feriado então, a coisa fica preta e vira um pandemónio total: o feriado para eles começa sempre uns dois ou três dias antes, consoante a disposição de quem coordena. Parecem tomados de um chá de sumiço e total ataque de paralisia! E é ver os contentores a abarrotar, outros virados de ponta cabeça, com seus limítrofes todos “empanturrados” de toda a sorte de lixo. E, cada um que se aguente à bronca, afinal é feriado!
Isto é desenvolvimento? Isto é gestão? Isto é o QUÊ afinal de contas? Houvesse medidas punitivas e deixaríamos imediatamente de ver, restaurantes, instituições públicas e privadas relegando seu lixo à comunidade, deixando-o plantado bem no meio das vias públicas!
É o que digo….
(Continua...)

dezembro 23, 2006

MOTIVO

Pretender juntar-se
à procissão de pássaros
responder processos pela criação de anjos
meu amor por ti.
Meu amor por ti
reabre a inquisição.
Penetrar de súbito
casa de estranhos
esquecer a pele
nos vidros do muro
meu amor por ti.
Antonio Mariano Lima

O VALOR DAS COISAS


Aqui na praça, todo o mundo reclama da falta de iniciativas culturais, da inexistência de eventos atractivos, enfim….
Porém, quando têm um leque de eventos de qualidade, à mão de escolher e participar, ninguém aparece, tirando aqueles que realmente se interessam realmente pela cultura, pela arte (que são poucos, diga-se de passagem!). é triste, francamente triste! Só nos últimos dias, para não falar do resto do tempo todo, o facto se consumou de forma gritante!
Esteve cá, na semana passada, uma grande pianista brasileira, Moema Craveiro, que deu um concerto no Centro Cultural Português… cadê a classe musical ao menos? Uns tantos quantos, ou seja, os mesmos de sempre que demonstram seu interesse de forma absoluta! Os outros, nem cheiro!
No dia seguinte, a mesma pianista, promoveu uma “oficina” para os músicos, no mesmo espaço. Apesar de o convite ter sido uma vez mais reiterado, no dia anterior durante o concerto, o quórum reduziu-se ainda mais! Porque será?
Um grande saxofonista e flautista francês, se apresentou no Tabanka Mar. Sala cheia? Ná! Quem dera!
Kady deu um concerto ontem, no Auditório…. Sala cheia de espaços vazios… porque será?
A exposição de fotografia de Omar Camilo, patente no novo espaço do CCF… lá continua, mas nem mesmo no primeiro dia, houve muita gente a visitar!
A reitoria da Universidade de Cabo Verde promoveu ontem também, um concerto de Natal, no seu Auditório. Cadê todo o mundo? O natal começou mais cedo? No mesmo espaço, está patente uma exposição espectacular de fotografia…. Mas parece que a malta não parecia muito as exposições!
Enfim….
Não consigo entender, nem explicar!
Será deficiência na promoção dos eventos? Será falta de interesse? Falta de dinheiro não será, porque a maioria dos eventos que referi, estavam abertos ao público, ou seja, de graça!
Por falar nesta questão, há uma coisa que me irrita solenemente! A malta está muito mal habituada! Sempre que se fazem eventos, onde quer que seja, que se tenha de pagar a entrada, por mínimo que seja o valor, há uma grande resistência. Ninguém quer pagar para assistir, e outros há que ainda “mandam vir”, como se houvessem participado nos custos da realização! Não pode ser gente! Lá fora, todo o evento cultural é pago! Sim, porque há custos! E, normalmente, as receitas da bilheteira, não dão nem para uma décima parte de compensação pelos custos dispendidos!
Eu sei do que estou a falar! Há muito que trabalho nesta área! Mas enfim…
Muito há por dizer nesta matéria, mas não quero correr o risco de me tornar repetitiva.
Termino minhas lucubrações, com esta: na Revista do Jornal A Semana, fez-se um apanhado dos trabalhos realizados em 2006, no campo da música. Fez-se inclusive, referência ao trabalho de Don Kikas! Mas de “Fragmentos” nem uma palavra. Que desilusão! Posso até entender, que a musica de “Fragmentos” não seja apreciada nos mesmos moldes que todas as outras que são tão apreciadas! Nem é a intenção! Mas, depois do espaço que o Jornal deu, aquando de sua chegada ao mercado, não seria de esperar a total ignorância dada, no tratamento dos trabalhos de 2006! Ainda bem, que as pessoas já não se deixam guiar, e começam a ter suas próprias opções, suas próprias convicções.
Obrigada a todos, da parte que me toca, a quem “Fragmentos” transmite qualquer coisa! Isso é o bastante.

FRAGMENTOS - O CONCERTO NO CCF

Posso até ser suspeita, mas não posso me deixar levar por essa prorrogativa, para ocultar meu sentido crítico, principalmente quando se trata do trabalho de Ricardo de Deus, meu marido. E, neste caso concreto, estou a falar de “Fragmentos”, seu primeiro trabalho a solo, em plena fase de lançamento no mercado.
Quarta-feira passada, “Fragmentos”, foi apresentado, uma vez mais ao público praiense, no centro Cultural Francês, com uma formação soberba e, o resultado foi um concerto absolutamente extraordinário. Mirocas, musico cabo-verdiano (percussionista) que integra a banda da nossa querida Cesária, e Djinho Barbosa, juntaram-se a Kizó e Stephan para homenagear Fragmentos. Tete Alhinho, emprestou sua voz melodiosa, para a interpretação de “Morna Brasileira”, uma das faixas do disco, e para “Eskutan es Morna” de seu próprio repertório.
O público aderiu, enchendo o espaço lúdico do CCF, de energia positiva, contribuindo para uma conspiração a favor da arte.
Eu, vibrei uma vez mais! Parecia que aquela formação tocara desde sempre em conjunto, tal era a harmonia. Por isso, e por tudo o mais, só tenho a agradecer a todos os que nos honraram com sua presença e aos músicos que dedicaram todo o seu amor pela musica neste evento. 2006 termina assim, de modo majestoso para nós.


dezembro 19, 2006

FELIZ NATAL


Multiplicar Amor
Que nossas mãos possam ser portadoras de paz..
De afagos...
De carinho...
Que escorra delas os mais límpidos sentimentos..
de bálsamos..
de alívio..
de força..
de luz...
Que possam ser espraiados na terra árida..
fazendo germinar o amor entre as pessoas..
Multiplicando cada melhor essência de nós..
Fazendo-nos fortes ao meio à tempestade..
Deixando-nos ver o sol que nasce..
Que rompe a noite..
Que se faz dia..
Que se faz belo..
Que se faz vida!
Que se chama amor...
Feliz Natal
(Jane Lagares)

dezembro 14, 2006

O CAÇADOR DE PIPAS



Estou a terminar de ler este livro…. Mesmo nas ultimas paginas! E confesso que lamento esse término! Como gostei de lê-lo! como diz um amigo meu, "o bom livro é aquele que me agrada", e este é um bom livro. Recomendo sem sombras de dúvidas!
Francamente emocionante e envolvente, deixando-nos presos a suas páginas desde o inicio.
Livro de estreia de Khaled Hosseini, natural de Cabul, Afeganistão e, considerado o livro do ano, “O Caçador de Pipas é uma narrativa insólita e eloquente, sobre a frágil relação entre pais e filhos, entre os seres humanos e seus deuses, entre os homens e sua pátria. Uma história de amizade e traição, que nos leva dos últimos dias da monarquia do Afeganistão às atrocidades de hoje.”
Grande sucesso da literatura mundial, aclamado pela crítica e pelo público, “o Caçador de Pipas” teve seus direitos de edição vendidos para 29 países e estará em breve nas telas de cinema do mundo todo.

Isabel Allende, disse a propósito: “Esta é uma daquelas histórias inesquecíveis, que permanecem na nossa memória por anos a fio. Todos os grandes temas da literatura e da vida são o material com que é tecido este romance extraordinário: amor, honra, culpa, medo, redenção.”

Aconselho a todos. Tem a haver com tudo o que alguma vez já sentimos ou pensamos. É uma grande lição e ao mesmo tempo uma grande reflexão.

Vera de Deus
13 de Dezembro 2006

dezembro 13, 2006

O CAOS NOSSO DE CADA DIA


"Prestes a deflagrar o que pretende seja um sistema municipal de excelência, Filú terá que conciliar a busca da modernização com a superação de alguns atrasos estruturais da Praia (e de Santiago) que beiram o descaso e o escândalo. Uma realidade incompatível com o século XXI, e que não cabe numa capital que se quer Paixão Atlântica."
Filinto Silva, in www.albatrozberdiano.blogspot.com


CIVISMO JÁ!


A CONDUÇÃO

Me pergunto…. “será culpa das escolas de condução, ou é mesmo o pessoal que está destituído de educação? Aquela educação que Carlos Gonçalves tanto se cansa de reiterar em seus programas radiofónicos!”
Conduzir na cidade da Praia, “menina do mar” torna-se cada dia que passa, um autêntico acto de CORAGEM!
Se não é o pisca-pisca que é totalmente desconhecido, são as ultrapassagens pelo lado errado, as manobras de inversão de marcha à “faroeste”, a total e completa ignorância pelos sinais de trânsito, enfim, um sem número de imprudências próprias de uma Babilónia! Temos de conduzir e apelar aos Deuses e sobretudo ao nosso 10º sentido: o da adivinhação, para evitarmos males maiores! Para quem não o tem, um conselho amigo: não conduza (na Praia, pelo menos)!
Dá-me a sensação que, as cartas de condução são ganhas em algum prémio de pacote, ou embalagem de chicletes, pois não consigo acreditar que se tenha frequentado uma Escola! Não é possível!
Depois da “brilhante” ideia da CMP de colocar dois sinais às entradas da subida da Achada de Santo António, devido à morosidade da obra (que mais parece a espada de Afonso Henriques), já se registaram alguns acidentes! E porquê? Falta de educação, pura e simples! Se está o sinal proibido para descer ou para subir, dependendo das horas do dia, como é que é possível, alguém que está cumprindo à risca o sinal, dar de caras com outro veículo em sentido contrário? E, normalmente, os violadores, são sempre os mesmos: táxis!
Sendo esse meio de transporte, público, carregando quase sempre vidas outras que não as do motorista tresloucado, qual outra razão para a transgressão, que não a falta de educação?
Todas as épocas festivas são recheadas de “operações” stop e outras do género,,,, mas porquê que não se faz isto durante o ano, sabendo que, as transgressões são efectuadas sempre? E porque se perde tempo em fazer rusgas a viaturas particulares, que normalmente circulam na boa e com tudo em dia? Hein?

AS VIAS

Como se não bastasse os condutores inaptos, ainda temos que gramar com vias de circulação deploráveis. Pagamos uma taxa anual denominada “imposto de circulação” ( e a julgar pelo numero de viaturas, as receitas não serão tão más), que, normalmente, deveria servir para nos garantir qualquer segurança… pois é… garante-nos é uma conta ainda maior na oficina. O estado das vias é tão grotesco, que nos deviam pagar pela coragem que temos, de circular com nossos veículos tão suadamente adquiridos, sobre os buracos e valas intermináveis, que atribuem às mesmas, um carácter de “surradeira”. Quando não deparamos com buracos abertos para qualquer reparação, que assim permanecem até alguém cair lá para dentro….aí, vem a comunicação social a denunciar e, ops, o dito é fechado.
E, para acrescentar o quadro, dos buracos e valas deixados pela calcetagem feita à pressa, temos a Telecom e a Electra, a abrir valas de forma ininterrupta e, a fecha-los deixando o solo desprovido do material que lá antes existia, e uns sulcos tão grandes, que mesmo um peão, corre o sério risco de se ver de canela quebrada, ou nariz estraçalhado, se se der ao luxo de andar com os olhos fixos em outro lugar que não o chão em que pisa!
Nas nossas queridas vias, temos também comédia…. Sim senhor! As “passadeiras”! É francamente um atentado à inteligência de cada um! Ave-maria! Não lembra nem ao diabo, os locais “estrategicamente” escolhidos para as pintar! E, como falta civismo, estas listras que com prazo de validade limitadíssimo, se transformam facilmente, em PASSEADEIRAS! É …. A malta adora uma selvajaria. Adora estar sempre contra o correcto! Mas também porquê? Ninguém é punido por isso….
É só ter a coragem e falta de senso de rumar para a rotunda da Terra Branca, em qualquer hora do dia, que se consegue vislumbrar a nossa torre de babel: começando pelas prioridades na rotunda, às passadeiras bem a seguir às curvas, tudo se ajusta para um amolgamento na chapa. Sem contar com os palavrões vindos do exterior reclamando a falta de cooperação na selvajaria…. Sim, porque cumprir as regras virou atentado!
Os cruzamentos e rotundas, são naturalmente um imbróglio, em qualquer parte do mundo, e incivilizados também os há por todo o planeta, daí os mais desenvolvidos terem optado pelos semáforos nestes pontos. Mas nós, com o grande abastecimento de energia que temos, concerteza não teremos oportunidade para essa opção. Mas há outras! Lembro-me, quando pequena, de ver tanto na Guiné, como em Angola, uma armação mais alta, bem no meio dos cruzamentos, p.e., com um agente da polícia de trânsito, comandando o trânsito. Nós, como somos mais espertos, preferimos colocar um polícia, sem nenhum tipo de protecção à volta, algumas vezes, em períodos de maior confusão. Por acaso, há muito que não os vejo! No início até pensei que se havia optado por um sistema diferente… mas não…. Agora nem policia, nem nada mesmo! Cada um que se desenrasque da maneira que puder e, nesse salve-se quem puder, vamos registando a cada dia, mais acidentes, mais palavrões, e mais medo.
O cruzamento existente na Achada de Santo António, nas imediações da residência do representante das Nações Unidas e junto a dois cafés conhecidos, é um dos mais frequentados neste momento, por causa do desvio que se tem de fazer pela Prainha, para chegar à Achada. Bem, aí é um desastre total! Ninguém sabe de quem é a prioridade, e caso estejam táxis ao barulho, é vê-los a provocar os mais complicados sistemas de terrorismo de condução. É só permanecer uns dez minutos aí, para poder assistir a cenas dignas de um livro de Asterix.
Como já vamos para a Praia Digital, se nem mesmo ainda temos um Praia civilizada? Essa da Praia Digital, também tem muito que se lhe diga!

FRAGMENTOS NO CCF

Foto de : Omar Camilo

Dia 20 de Dezembro, é a data marcada para uma nova apresentação de FRAGMENTOS, de Ricardo de Deus, desta feita no Centro Cultural Francês, às 21H30.
Ricardo far-se-á acompanhar por Kizo, Stephan e Djinho Barbosa.
A vossa presença é, como sempre, indispensável!
Lá vos esperaremos.


dezembro 07, 2006

O DESESPERO DA PIEDADE



Meu Senhor, tende piedade dos que andam de bonde
E sonham no longo percurso com automóveis, apartamentos...
Mas tende piedade também dos que andam de automóvel
Quantos enfrentam a cidade movediça de sonâmbulos, na direção.

Tende piedade das pequenas famílias suburbanas
E em particular dos adolescentes que se embebedam de domingos
Mas tende mais piedade ainda de dois elegantes que passam
E sem saber inventam a doutrina do pão e da guilhotina

Tende muita piedade do mocinho franzino, três cruzes, poeta
Que só tem de seu as costeletas e a namorada pequenina
Mas tende mais piedade ainda do impávido forte colosso do esporte
E que se encaminha lutando, remando, nadando para a morte.

Tende imensa piedade dos músicos de cafés e de casas de chá
Que são virtuoses da própria tristeza e solidão
Mas tende piedade também dos que buscam o silêncio
E súbito se abate sobre eles uma ária da Tosca.

Não esqueçais também em vossa piedade os pobres que enriqueceram
E para quem o suicídio ainda é a mais doce solução
Mas tende realmente piedade dos ricos que empobreceram
E tornam-se heróicos e à santa pobreza dão um ar de grandeza.

Tende infinita piedade dos vendedores de passarinhos
Quem em suas alminhas claras deixam a lágrima e a incompreensão
E tende piedade também, menor embora, dos vendedores de balcão
Que amam as freguesas e saem de noite, quem sabe onde vão...

Tende piedade dos barbeiros em geral, e dos cabeleireiros
Que se efeminam por profissão mas são humildes nas suas carícias
Mas tende maior piedade ainda dos que cortam o cabelo:
Que espera, que angústia, que indigno, meu Deus!

Tende piedade dos sapateiros e caixeiros de sapataria
Quem lembram madalenas arrependidas pedindo piedade pelos sapatos
Mas lembrai-vos também dos que se calçam de novo
Nada pior que um sapato apertado, Senhor Deus.

Tende piedade dos homens úteis como os dentistas
Que sofrem de utilidade e vivem para fazer sofrer
Mas tente mais piedade dos veterinários e práticos de farmácia
Que muito eles gostariam de ser médicos, Senhor.

Tende piedade dos homens públicos e em particular dos políticos
Pela sua fala fácil, olhar brilhante e segurança dos gestos de mão
Mas tende mais piedade ainda dos seus criados, próximos e parentes
Fazei, Senhor, com que deles não saiam políticos também.

E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tenha piedade das mulheres
Castigai minha alma, mas tende piedade das mulheres
Enlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheres
Ulcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres!

Tende piedade da moça feia que serve na vida
De casa, comida e roupa lavada da moça bonita
Mas tende mais piedade ainda da moça bonita
Que o homem molesta — que o homem não presta, não presta, meu Deus!

Tende piedade das moças pequenas das ruas transversais
Que de apoio na vida só têm Santa Janela da Consolação
E sonham exaltadas nos quartos humildes
Os olhos perdidos e o seio na mão.

Tende piedade da mulher no primeiro coito
Onde se cria a primeira alegria da Criação
E onde se consuma a tragédia dos anjos
E onde a morte encontra a vida em desintegração.

Tende piedade da mulher no instante do parto
Onde ela é como a água explodindo em convulsão
Onde ela é como a terra vomitando cólera
Onde ela é como a lua parindo desilusão.

Tende piedade das mulheres chamadas desquitadas
Porque nelas se refaz misteriosamente a virgindade
Mas tende piedade também das mulheres casadas
Que se sacrificam e se simplificam a troco de nada.

Tende piedade, Senhor, das mulheres chamadas vagabundas
Que são desgraçadas e são exploradas e são infecundas
Mas que vendem barato muito instante de esquecimento
E em paga o homem mata com a navalha, com o fogo, com o veneno.

Tende piedade, Senhor, das primeiras namoradas
De corpo hermético e coração patético
Que saem à rua felizes mas que sempre entram desgraçadas
Que se crêem vestidas mas que em verdade vivem nuas.

Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto alegria e serenidade.

Tende infinita piedade delas, Senhor, que são puras
Que são crianças e são trágicas e são belas
Que caminham ao sopro dos ventos e que pecam
E que têm a única emoção da vida nelas.

Tende piedade delas, Senhor, que uma me disse
Ter piedade de si mesma e da sua louca mocidade
E outra, à simples emoção do amor piedoso
Delirava e se desfazia em gozos de amor de carne.

Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas
A vida fere mais fundo e mais fecundo
E o sexo está nelas, e o mundo está nelas
E a loucura reside nesse mundo.

Tende piedade, Senhor, das santas mulheres
Dos meninos velhos, dos homens humilhados — sede enfim
Piedoso com todos, que tudo merece piedade
E se piedade vos sobrar, Senhor, tende piedade de mim!


Vinicius de Moraes

SER HUMANO É DOSE!


Me pego por vezes, muitas mesmo, a fazer análises aos comportamentos com que me deparo durante o dia, por pura vontade. Claro que não se poderão chamar de análises científicas, mas de qualquer forma, não deixam de ser análises, só que, “verificas”, e para uso doméstico.
Uma delas, prende-se com a necessidade que o comum dos mortais tem, de “assinar” a autoria das coisas bem feitas, dos actos sem erro, das ideias que pegam, sem no entanto, ter sequer participado em alguma fase da mesma.
Hoje, após uma pequena cena, que me fez recuar no tempo e fazer um apanhado de cenas idênticas, me deparei com uma centena delas. Cada uma mais incrível que a outra!

Anos atrás, ainda adolescente, atravessei aqueles momentos de raiva, comuns a todos, em que se torna irascível e com ganas de esganar o mundo! Num desses momentos, com uma raiva que me dilacerava o fígado, ao referir-me a uma certa personagem, alvo da minha ira (Deus me há de perdoar!) atribui-lhe um pseudónimo jocoso, digno do meu mais hilário diccionário. Não é que a coisa pegou? Aliás, neste nosso território, a maldade pega com uma facilidade!!!!!!! De repente, me apercebi que o pseudónimo havia agradado, e de que maneira!
O real nome se varrera da memória de muitos, passando a alcunha, a imperar de forma absoluta. Mas, a confirmação de minha análise, sobre a necessidade que descrevi acima, se deu, quando, num belo dia, presenciei uma “discussão” entre duas pessoas conhecidas e do circuito dos apegados, que reclamavam uma e outra, da autoria da piada, apresentando datas, ocasiões, etc. à minha frente! Não pude deixar de soltar aquela gargalhada que me sufocava! Perante tal despropósito, quatro-olhos se esbugalharam em direcção a mim, num sinal incrédulo de indagação. “Minha gente, disse eu, não percam tempo nessa disputa ridícula, nem esvaziem vosso arquivo de argumentos!” , “E pode-se saber porquê?” – retorquiu de imediato uma delas – “Porque senão vão as duas pagar direitos de autor e incorrer num crime de plágio”- respondi eu, brincando e ainda não refeita do absurdo – “Só falta dizeres que foste tu a autora, francamente!!” – “Porque não?”, brinquei, “trata-se de tamanha proeza assim?” – Nãooooo! Só que nunca reclamaste a autoria e eu, tenho a certeza absoluta do que digo, sou pouco de mentiras descabidas!”.
“Longe de mim, colocar tua pessoa em questão! Me desculpem realmente, minha intromissão!” – levantei-me, rindo por dentro e abandonei a mesa.
Mas como é que é possível, meu Deus, tanta ligeireza de espírito, me perguntei, reclamar autoria de algo tão patético, algo tão desgratificante! Eu até tenho vergonha e receio de me lembrar que fui eu quem deu início a tudo isto! Não é real!

Situações destas, já presenciei aos milhares, acreditam? Faz-se tarde e meu olho prega, mas depois, hei-de escrever uma outra que se passou há bem pouco tempo. Tenho de escrever, faz-me bem, nem que ninguém leia, eu me sinto mais leve, porque simplesmente, extravaso!




novembro 30, 2006

A LUCIDEZ PERIGOSA


Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que: que
faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.
Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade
- essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.
Clarice Lispector

novembro 27, 2006

RECORDANDO




Púrpura
era a cor da lua,
pálida,
errando a luz
da madrugada.
Ternos,
eram os braços
que me enlaçavam,
me devolvendo
a um ventre esquecido;
Santo,
era o nome de mim
pincelado em gritos
nas cores
de uma tela irreal.
Boémia era a vida
lavada no pranto
do andar trôpego
de um bêbado da cidade.
Valsa era o som
bebido a sós
entre o sax
e o chocalho
de um coração
abandonado.
Longa era a noite,
cravada de dor
nos olhos do poeta
do bordel da vida.


Vera de Deus - Fevereiro 98

CINEMA POBRE EM CABO VERDE 1


Sexta-feira, 24/11 – não fui, confesso.
Soube porém, que o “Chapéu do metafísico” foi projectado, uma vez mais!


Sábado, 25/11 – às sete, como de costume, lá fui.
Sabia à priori quais as projecções programadas e sabia que me iriam interessar.

1ª Projecção - “Cayo Hueso” de Omar Camilo, um documentário sobre Havana, que relata sucintamente (12 minutos), a história do bairro onde nasceu a rumba. Trata sobretudo a reconstrução do património histórico, pela própria comunidade. Muito interessante. Contudo, Omar já nos havia, de início introduzido um pouco no argumento, o que foi uma mais valia.
2ª Projecção – “Crisis”, documentário realizado por estudantes de cinema cubanos, que trata a construção de um filme documental, ou seja, a escolha do tema e a forma de abordagem e desenvolvimento do mesmo, tendo em conta questões politicas, ideológicas, económicas e sociais, com entrevistas a documentaristas de renome em Cuba.
Igualmente interessante.
3ª Projecção – “Cova da Moura – Portugal ou Cabo Verde?”
Coube a vez a Cabo Verde. Igualmente um documentário, da autoria de Paulo Cabral, que aborda a questão da identidade cultural dos habitantes de Cova da Moura, bairro com uma grande comunidade de cabo-verdianos em Portugal. A questão dos descendentes de primeira e segunda geração de cabo-verdianos, nascidos em Portugal, que nem conhecem Cabo Verde, porém sem a cidadania portuguesa, com todos os problemas que daí advêm, é demonstrada aqui, através de alguns testemunhos de jovens mães solteiras (outra questão retratada).
Muito interessante e actual. Gostei imenso.

Minha segunda experiência, foi frutífera, diria eu, sem sombras de dúvida.
Talvez hoje, me passem a incluir, ou pelo menos pensar nisso, no rol dos ricos de espirito.

CINEMA POBRE EM CABO VERDE



Quinta-feira, 23/11 – inicio das projecções inseridas no ciclo do “Cinema Pobre em Cabo Verde”, no CCP.

Às 19 Horas, lá estava eu, imbuída de grandes expectativas, mas consciente de ir encontrar, conhecer, um outro plano do cinema, que não o que nos inculcaram desde crianças.
A 1ª projecção em 8mm, que se intitula de “O chapéu do metafísico”, de Francisco Weil, foi um tremendo chapéu nos meus anseios. Do cimo de minha “leiguice” assumo: não gostei! Não entendi e, nem me esforcei muito para isso, diga-se de passagem. Tenho a certeza, ou pelo menos prefiro acreditar que sim, quis passar uma mensagem com as imagens captadas, mas de meu ponto de vista, não conseguiu. Pelo menos para a maioria do publico que o assistiu como eu e com quem tive a oportunidade de prosear no final.
Sequer nos deu uma dica antes, por forma a introduzir um fio condutor!
A única coisa que retive, foi um poema, da autoria de Marcus da Lama, poeta brasileiro, lido no início pelo autor do “Chapéu”, o qual face ao meu pedido, me foi gentilmente cedido, e faço questão de o transcrever:

Permitir-se

Um sol quase anémico
Alivia-me as costas
Ando por itinerários incomuns,
Paralelos que me cortam,
Ruas me visitam em muitos países,
Calçadas por mim vomitadas.
Nasço num beco gótico,
Durmo em bancos abandonados
De praças abandonadas,
Acordo em feiras periféricas,
Recito belos poemas
E todos pasmados, fogem.
Compro roupas velhas
E sinto o perfume da morte,
Faço sexo em ruas desabitadas
Em meio a todos,
Meu corpo reflecte a alma,
Doa-se ao mundo
Recito poemas e poemas…

A 2ª projecção, de nome “ A máscara de Lucifece”, foi introduzida por um pequeno discurso do autor, Ricardo Leite. Pensei que, por oposição ao primeiro, iríamos ser brindados com uma descodificação, por mais pequena que fosse, da mensagem que nos iria ser transmitida através das imagens. Quem dera fosse! Assiste-se a uma oratória rebuscada, meio confusa, onde as culturas árabe e africana são abordadas de forma superficial, e de mais um emaranhado de “hum’s” e “ah’s”. o filme seria muito complexo, era melhor vermos, etc.
Nós que o entendêssemos se quiséssemos, foi a sensação que me ficou.
Bem, não se diferenciou muito do primeiro, não obstante se rechear de mais movimento, mais argumento e mais personagens. Não vislumbrei a lógica da abordagem das culturas! Enfim! Fiquei aguardando pelo terceiro e último da noite.
A 3ª projecção, “Um poeta não se pega”, tratava-se de um documentário, ainda em construção, conforme explicou o autor, Francisco Weil, sobre Sebastião Alba, poeta português. Interessante, e bem mais desnecessitado de descodificação! Gostei! Honestamente!

Impressões: talvez até seja Cinema Pobre, mas decididamente, não é Cinema para o Pobre! Fiquei com a nítida sensação, que se trata de um círculo hermético de gente, que se agarra a seu mundo impenetrável, e que constrói teorias inacessíveis. Então, porquê esta mostra? Porquê não a descodificar, ou fornecer elementos que permitam essa descodificação? Sim, porque se é para irmos assistir, por assistir, sem necessitarmos perceber, não vale a pena!
Desconfio seriamente, que me vão incluir nos "pobres de espirito", já que este cinema é para os ricos de espirito e, como não gostei de algumas coisas.... meio passo!
“Espero sinceramente, que as próximas projecções tenham algo que incentive o publico a ir, senão, este projecto morrerá por aqui mesmo” – pensei, enquanto saía do CCP.

A seguir, ouve uma tertúlia sobre o ciclo, na Kasa Bela, mas não fui.

novembro 20, 2006

ACONTEÇO


Prevejo
Uma tempestade
De razões
Que as ideias fustigam
Em teorias inválidas.
Idealizo
Cada fio de tempo,
Que a terra clama,
E Deus abençoa.
Transpiro
Cada gota de essência
Que minha alma reclama.
Suavizo
A fúria do vento,
Que meus lábios explodem,
Com a timidez dos raios
Que meus olhos arriscam
E edifico
A harmonia perfeita
Que meus gritos reflectem


Vera de Deus - Março 2000

novembro 09, 2006

PARABÉNS SONDISANTIAGO

Caro Djinho,
nesta data tão importante para ti e para todos nós,
e na falta de um artigo meu,
queria dedicar-te este excerto do livro "Maktub" de Paulo Coelho.
Muitas Felicidades para o teu tão importante BLOG.
********************
Não procure ser coerente o tempo todo. Afinal,
São Paulo disse que “a sabedoria do mundo
é loucura diante de Deus”.
Ser coerente é usar a gravata combinando com
a meia. É ser obrigado a ter, amanhã, as mesmas
opiniões que tinha hoje. E o movimento
do mundo – onde fica?
Desde que você não prejudique ninguém, mude de
opinião de vez em quando, e caia em contradição
sem se envergonhar disso.
Você tem esse direito. Não importa o que os outros
pensem – porque eles vão pensar
de qualquer maneira.
Por isso, relaxe. Deixe o Universo se movimentar à
sua volta, descubra a alegria de ser uma surpresa para
você mesmo. “Deus escolheu as coisas loucas do
mundo para envergonhar os sábios”, diz São Paulo.


Paulo Coelho in “Maktub”

SAUDADE



Tenho saudade
da longevidade
de minha meninice,
da rotação
do pião,
que dançava
aos olhos vivos
de minha boneca
cor de ébano.
Do calção rasgado
no pulo do arame,
dos folhos brancos
de meu bibe cinza,
da mão quente
de minha avó,
das histórias de iran
de minha ama,
e até de cobras
entre os ramos
das dálias e lírios
e o tronco jocoso
da pitangueira.
Repasso
cá dentro,
cada minuto
sentada á sombra
da mangueira,
e recupero o gosto
de cada fruto
devoradode manhã!
Tenho saudade
de minha pequenez,
de minha inocência,
de minha credulidade,
de minha bondade...
daquilo que vivi,
e daquilo que quero viver...
Tenho saudade
sobretudo,
de mim !
Vera de Deus - 1999

outubro 31, 2006

OSHO


No ano passado descobri um autor, que me fascina! Osho.
Tenho estado a ler algumas obras suas e, garanto-vos: vale a pena! Ele é simplesmente provocante e profundo, espiritual e SÁBIO!
Osho nasceu em Kuchwada, Madhya Pradesh, Índia, a 11 de Dezembro de 1931. Filho de um modesto mercador de tecidos, viveu os primeiros anos de sua infância, ao lado dos avós – e desde cedo mostrou seu espírito crítico ao questionar os dogmas políticos, sociais e religiosos naquela sociedade. Graduou-se em Filosofia com honras de primeira classe e foi professor na Universidade de Jabalpur durante nove anos. Dedicou mais de 35 anos de sua vida à transmissão de ensinamentos sobre a recondução do homem e a sua liberdade espiritual. E milhares de discursos já foram publicados em cerca de 650 volumes, incluindo traduções em mais de 30 línguas.

“Osho é um dos mestres espirituais mais conhecidos e provocativos do século XX. Desde os anos 70, ele chamou a atenção dos jovens ocidentais que se interessavam por meditação e técnicas de transformação pessoal. Mais de uma década depois de sua morte, em 1990, seus ensinamentos continuam se difundindo pelo mundo, influenciando buscadores de todas as idades e países.”


Hoje, ao ler uma de suas obras, “O livro do Homem”, me achei tão próxima de sua lógica, tão identificada com sua forma de escrever! Num artigo, que fala de mendigar atenção, ele diz a certa altura:

“ (…) Esta é uma das fraquezas do ser humano, uma das debilidades profundamente enraizadas – pedir atenção. A razão de alguém pedir atenção é porque ele não conhece a si mesmo. É apenas através dos olhos de outra pessoa que ele pode enxergar seu próprio rosto; ele encontra sua personalidade na opinião dos outros – o que dizem importa imensamente. Se eles o negligenciam, o ignoram, ele se sente perdido. (…) Mesmo se as pessoas lhe condenarem, lhe criticarem, mesmo se elas estiverem contra você, isto é aceitável; pelo menos estão prestando atenção em você. (…)”
“Qual o significado de um homem fazer jejum? Mahatma Gandhi utilizou a estratégia sua vida inteira (…) por outro lado, não há nenhuma espiritualidade no jejum – milhões de pessoas morrem de inanição. Milhões de pessoas morrerão nos próximos dez, doze anos de fome. Ninguém lhes dará nenhuma honra ou respeito. Por quê? Porque a sua morte por inanição é inevitável. Elas não estão morrendo intencionalmente, mas porque não têm o que comer; elas simplesmente são pobres e estão morrendo por inanição.
Mas Mahatma Gandhi tinha tudo à sua disposição, embora ele vivesse como um homem pobre. Um de seus mais próximos seguidores, uma mulher muito inteligente, Sarojini Naidu, tem uma declaração arquivada, que para manter Gandhi pobre, eles tinham que gastar uma verdadeira fortuna. Não era uma simples pobreza, era um show montado.
Ele não beberia leite de búfalo porque é caro, rico em vitamina A e outras vitaminas. Ele não beberia leite de vaca porque também é caro e a população não podia adquirir. Ele tomaria apenas leite de cabra, porque é o mais barato e acessível às pessoas pobres. Mas você ficará surpreso: sua cabra era lavada duas vezes ao dia com sabonete Lux! A sua alimentação era tão rica que qualquer pessoa rica poderia sentir inveja.
É um mundo muito insano! A cabra era alimentada com leite de vaca, caju, maças, e outras frutas; ela não vivia no pasto. Sua refeição diária custava naquela época, dez rupias por dia; estas mesmas dez rupias eram suficientes para um homem viver um mês inteiro.”

Atenção lhe dá tremendo alimento para o ego.

outubro 30, 2006

MSG PARA O RICARDO

Ricardo , isso é Genial, caro amigo, genial !!!

A nova revelação da Música Brasileira !!!

Parte 1

O Músico e artista Ricardo Oliveira de Deus (Pianista, compositor, arranjador e professor) lança seu mais recente trabalho *Fragmentos*.
Mais uma preciosidade musical e histórica do Brasil, com influência de grandes nomes da música brasileira como, Egberto Gismonti, Zimbo trio entre outros.
Um trabalho de altíssimo nível e sofisticado como esse, merece o nosso valor, respeito e muitos aplausos, pois, é assim, que a música se renova, se reafirma e ganha ainda mais a identidade da música e da cultura brasileira, que é extremamente rica em estilos, ritmos, etnias, alegria e muita amizade

O Brasil te espera com muita honra e ansiedade!!!

Parte 2

Ricardo
Você é um exemplo de talento, fé, dedicação, persistência, energia, coragem,e principalmente simplicidade.
Estou muitíssimo feliz, por mais essa vitória.
Grande irmão!
Estou com muita saudade, e gostaria de poder comemorar esse momento contigo.
Venha logo se apresentar em São Paulo, ou em Suzano voltando às origens com a cabeça erguida e quem sabe também em Mogi que é onde eu moro actualmente.
Temos muito o que conversar e muitas ideias e experiências para trocar ou tocar quem sabe.
Sinto uma enorme alegria que talvez seja um enorme orgulho de ter você como amigo e um músico profissional membro da nação brasileira que tem vários tesouros escondidos, e alguns revelados assim como você.

AH!!! E antes que eu me esqueça, acabei de lembrar que foi você que me apresentou o universo de Egberto Gismonti, Naná Vanconcelos e me recomendou Hermeto Pascoal e Zimbo Trio.
Nunca me esqueci disso, e até hoje quando Escuto o som do Egberto, me lembro de você, como se fosse o meu amigo Ricardo Gismonti, ou Egberto Oliveira de Deus.
Eu sempre falo também do nosso outro génio e alagoano Hermeto pela sua simplicidade, criatividade, sensibilidade e enfim, um tesouro, que não se preocupa com modelos, rótulos, padrões ou regras pré estabelecidas.
A naturalidade é vital e eu sinto a música dele como a natureza e o universo.

Não tenho nem palavras para agradecer tamanha consideração e saiba que eu tenho uma grande admiração por você.
Sei que você deve ter muitos compromissos em sua agenda, mas se for possível , mantenha seus amigos informados, dos seus projectos e apresentações, principalmente no Brasil , para que possamos prestigiar seu trabalho, ajudar na divulgação e apoiar em tudo que for preciso e estiver ao nosso alcance.
E não esqueça de dizer como, quando e onde iremos encontrar esse seu tão esperado CD.
De seu amigo
Ricardo Nunes Durães
!!! ou se preferir como nos velhos tempos !!!
De : *** Soldado Nunes - nº 139 -TG Suzano - SP ***Para : *** Soldado Ricardo Da Lua - nº 140 -TG Suzano - SP ***

Até breve
A paz de DEUS seja convosco.
Mogi das Cruzes- SP -BRASIL, 30 de outubro de 2006 - 01h 05 da madrugada

outubro 28, 2006

CONVITE



Esperamos por todos os amigos e bons amantes da música, dia 03, às 22H00 em ponto.

VDMaktub, Bom de Vera ou o que mais queiram


Por Filinto Elísio


Busquei por horas um nickname maneiro para este Blog. Pedi inclusive o concurso do Pranchinha que, vez por outra, me aparece com algo mais criativo. É que tu, Vera-Lúcia, és uma esteta em pessoa – nada a ver com os “mais iguais” do Triunfo dos Porcos, de George Orwell –, motivo que me levou à parcimónia de renomear o VDMaktub. Andando pela Av. Dom Luís, dei de caras como o nome – Bom de Vera –, bem chapado no frontispício de um prédio. “Eureka, si n ka pruveta es nomi, ki n kreka”…pensei num neolatinório terra-a-terra e alupekadu.

VDMaktub, diga-se em abono da verdade, parece até nome de agente secreto, desses que brigam contra o nosso dilecto James Bond. Onde foi Vera-Lúcia buscar o raio deste nome? Fê-lo, como vaticina o Pranchinha, para espantar José Bouquinhas, Pasqualini Settebellezze e Dom Charles, o Chaplin? Em caso afirmativo, ela teria razão, já que o pessoalzinho, além de bera, rasca e inculta, tem muito de caprino e nós, nisto de ética digital, somos todos vegetarianos. E, nesta fase veggie, não há espaço para os PêCêDês, sigla que responde por Pacóvios, Covardes e Desistentes, vulgo “laranjinhas da net”. Pois será VDMaktub, eivado dos belos textos de Vera-Lúcia de Deus e acompanhado dos gostosos acordes de Ricardo de Deus, o pianíssimo e veríssimo da deusa, para os mais chegados.

Tudo isso, para vos dizer que doravante chamarei este Blog de Bom de Vera, nem mais. Personalizando-o, bem à minha maneira, serei dele leitor assíduo e atento. Este point, já no começo, indicia corpo e alma. Forma e conteúdo. Uma harmonia entre a palavra e o ritmo. Aqui, a intenção e o gesto são feitos um para o outro. Tipo Romeu e Julieta. Refiro-me naturalmente à goiabada com queijo ou, em sua ausência querida, ao arroz com feijão. O eterno e transcendente baião-de-dois…

Uma última palavra sobre o VDMaktub, aliás BDV (Bom de Vera), não queira o leitor esgotar a sua percepção a cada leitura. Entrar no âmago do Artista é como deambular pelo labirinto. E Bom de Vera é fogo, não se revelando todo. Vou das chamas aos fumos, passando pelos seus incensos, e fica-me a sobrar a maior parte do enigma. Os meus cinco sentidos nem dão conta das virtualidades veladas deste Blog. A expectativa é o seu maior trunfo, diria até a sua carta na manga. Vera-Lúcia, estou com vontade de ler mais. Feita uma fome mesmo…

AINDA A PROPÓSITO DE FRAGMENTOS



Nas minhas leituras recentes, tornei a folhear um livro que adoro, por seus ensinamentos, e achei este texto, que tem a haver com o nome do novo trabalho do Ricardo, mas sobretudo, tem tudo a haver com a existência de todos nós. Quis partilha-lo convosco, pela sua riqueza e sua profundidade.
Deliciem-se!

“O viajante está sentado mo meio do mato, olhando
uma casa humilde à sua frente. Já esteve ali
antes, com alguns amigos, e na época tudo que
conseguiu notar foi a semelhança entre o estilo da
casa e o de um arquitecto galego – que viveu há
muitos anos, e jamais colocou os pés naquele local.
A casa fica perto de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e é
toda construída com cacos de vidro. Seu dono,
Gabriel, sonhou em 1899 com um anjo que lhe
dizia: “Constrói uma casa de cacos.” Gabriel
começou a coleccionar ladrilhos quebrados, pratos,
bibelôs e jarras partidas. “Tudo caquinho
transformado em beleza”, dizia Gabriel de seu
trabalho. Durante os primeiros quarenta anos, os
moradores locais afirmavam que era louco. Depois,
alguns turistas descobriram a casa, e começaram a
trazer os amigos; Gabriel virou génio. Mas a
novidade passou – e Gabriel voltou ao anonimato.
Mesmo assim, continuou construindo; aos 93 anos de
idade, colocou o ultimo caco de vidro. E morreu.

O viajante acende um cigarro; fuma em silêncio. Hoje
não está pensando na semelhança entre a casa de
Gabriel e a arquitectura de A. Gaudí. Olha os cacos
reflecte sobre sua própria existência. Também ela –
como a de qualquer outra pessoa – é feita de pedaços de
tudo o que se passou. Mas, em determinado momento,
estes fragmentos começam a tomar forma.
E o viajante relembra um pouco do seu passado,
vendo os papéis em seu colo. Ali estão pedaços de sua
vida: situações que viveu, trechos de livros que sempre
recorda, ensinamentos do seu mestre, historias dos
amigos, fabulas que algum dia lhe contaram. Ali
estão reflexões sobre o seu tempo, e sobre os sonhos de
sua geração.
Da mesma maneira que m homem sonhou com um
anjo e construiu a casa que está diante de seus olhos,
ele tenta ordenar estes papéis – para compreender
sua própria construção espiritual. Lembra-se de que,
quando criança, leu um livro de Malba Tahan
chamado Maktub! E pensa:
“Será que eu devia fazer o mesmo?”

outubro 26, 2006

FRAGMENTOS

foto de : Omar Camilo

O meu blog é ainda praticamente inexistente e, já se orgulha de poder conter nas suas primeiras notícias, uma que muito me apraz: a do lançamento do primeiro trabalho a solo de Ricardo de Deus, meu marido.
Pois é, depois de muito caminho, ele está aí: FRAGMENTOS!
A proposta de Fragmentos foi tentar reunir um pouco da vivência das culturas cabo-verdiana e brasileira, assim como fragmentos de diversos estilos, géneros e formas de composição, que o musico aprecia e estuda, desde o período barroco, passando pelo contra ponto e fugas, prelúdios, missas de Bach (um dos compositores favoritos de Ricardo), passando pelo chorinho, pela morna, indo se misturar à bossa nova e à balada, passando ligeiramente pelo funk, a balada pop ou a balada com um cheirinho a jazz. Passando pelo compasso 6/8, lembrando um batuco e passando pelas raízes negras, as raízes afro-brasileiras. E é mais ou menos assim que se descreve Fragmentos.

“E para o músico, é assim também a vida, formada por fragmentos de muitas coisas, que nos faz, todos os dias aprender algo de novo. E com este sentimento, transmitimos através da música instrumental, muita tranquilidade, Paz e reflexão através do som.”

Dia 03 de Novembro, este trabalho passará a ser de todos nós. Em hora a confirmar, o Tabanka Mar acolherá Ricardo e alguns amigos, para uma apresentação pública de Fragmentos.

Não vou tecer nenhum comentário. Deixo a vocês, essa faculdade. Espero que gostem!
No entanto, não posso deixar de desejar publicamente, a este músico, MUITO SUCESSO!

Vera

RECORDAI


Há dias, tive a oportunidade de ouvir uma canção muito bonita, que fala da Praia nos tempos antigos, e não pude deixar de me lembrar, que tinha guardado no PC, um texto interessante…
Tenho que repartir convosco, esse texto que me chegou pela net, há já uns tempos cujo autor desconheço, mas que felicito, quanto mais não seja, pelo rol de coisas boas que me fez recordar e, francamente… pelas gargalhadas que me fez dar, com bastante vontade.



“Dja bu pasa vinti y kuatu anu?
Sin! Anton sukuta un kusa


Tenpu ai ta pasa y, trando Malaika ku Ester, nos tudu sta bira bedju. Bu podi txiga kel konkluson li di un manera muto sinplis, e so bu pára bu pensa un koxi. Ka bu spanta si N flou ma miniz ki kaba 12º ano pasadu y ki dja bai kurso es nasi na 1984 kando bo dja bu sabé andá, lê, skrêbi y dja bu kumesába na kunfiadesa di trouxeste as karta, kazamentu inglêz, verdadi o konsekuênsia? - konsekuênsia e klaro.
Si bu djobi dretu Atari ka ta ejisti pa es. Es ka djuga na ZX Spectrum 48K ligadu na tilivizon, ta espera mas di sinku minuto ta odja monti di koris ta troka na TV, ta reza pa djogu entra, pamodi sinou e otu 5 minutu ta espera. Es ka djuga Gami di bolsu ki ta poi pilha di liroxi, ki kel omi fla m’e djuga ti ki seka pilha. Ti oxi es ka sabi kuze k’e kalsa sanju ô Kulukutu ki fari sandalia socal. Ti oxi es ka
bisti kalsa ganga di morabeza nen di bonbazine. Es ka koba txon 3 bez pa djuga Karanbola (primera, sigunda, tersera, mats), es ka trokola pe na ora fulha, es ka da Kurubati (...ma kurubati e fixu ) Es ka espera tenpu txuba pa fazi korida di barku ainda ki seja ku pô di fôz ô biata di sigaru. Es ka anda tudu bera di calçada simentado ta djobi pista pa djuga meta nen es ka pidi ilastiku na Banku pa poi na karu pa ka pasa ponta. Kel memu ilastiku ki ta sirbiba tanbé pa poi na fletxa pá kasaba txota ku lagartixa. Es ka pidi Araminhu na kureio (ex CTT) pa poi na kel arami mopidu ki bu ta pidiba na oficina, o ki si bu tinha mas sorti bu ta atxaba na txon. Es ka rinka po seku di baboza pa fazi spada nen es ka bebi Xalalá. Es ka sabi kuze k’e Freskinha 3 kor nen si tenba Djarama. Es ka dadu papa (UNI)CEF ki yomada nen s’e sô pa fazi kamoka. Es ka finji duenti so pa dadu bolaxa Tuc ku Carnivali. Malta ku Compal di pera nunka foi sis bibida preferido. Es ka pasa un tardi ta ri ku Bud Spencer y Trinitá. Es ka txora lebado Filmi indiano pa torna bá txora tó ki Ravi (Amitah Bachchan) ta móri. Es ka kumpra dosi na tabulero di Xunpinha. Es ka brinka “tubarão não mi pega...” na prasinha skola grandi. Es ka kumpra Regua di madera nen Kaderno di Firestone (bu ka ta kerdita si N flou ma ti inda e ta bendedu). Es ka bai skola ku Kapa Amilcar Cabral. Es ka leba papel igieniku pa skola pa brinka “à malha” nen es ka dikora nomis di kau, di fruta y di sidadi pa brinka “Nomis Nomis”. Es ka pidi kolega Frazi pa redason (A vaca é um animal doméstico. A vaca dá leite. Com o leite...) nen es ka fronta dia di prezenta Trabalhos manuais. Nunka ka das prazer kolesiona Lata baziu di tudu tipo sikre katadu na sentina “Nhu Dimingo”, nen es ka pegado ta rinka Tanpinha di karu genti.
Parse-m m’es ka bai porta di bar ku splanada káta Pratinha pa fazi timi futebol. Es ka kori traz di Kromus di Zico ku Maradona. Es ka sabi pamodi ki Sucupira ten kel nomi lá, nen es ka sabi ken k’e Lindus Mérias (boxeru famado). Es ka konxi Boboxi na Tabanka Varzia Conpanhia nen es ka kori traz di (Tó) Charlô ku Nha Punotxa. Nunka es foi Pioneru. Es ka obi Katchas ta sola, es ka konxi Boney M. Es ka sabi ma “gelados pica-pau é uma maravilha”
Nunka es imita mota tranzito p’es fla m’es e Djangu. Es ka ta saíba na rua mo dodu o ki prisidentis de otu kou ta benba (es ka delira ku C.I.L.S.S. na Praia – seti presidenti d’un bês). Es ka konxi Sartana, kabalu nhaku. Es ka konxi biskileta Catita ku IFA tropa.
Es kandu es tchiga es atxa Michael Jackson branku. Es ka fulha talku na txon pa da kel pasu di Billie Jean. Es ka insaia Breakdance na caza nen es ka odja Lagoa Azul 10 bês - nen N ka mesti flou ma nunka es ka atxa Brooke Shields mudjer mas bunita di mundu. Es ka kori pa caza pa ba odja Bel ku Sebastião (corre, corre, Bel... o Bel é tão grande e o Putchi é pequenino...). Es ka sabi pamodi ki oji ten tantu katxor ku nomi di Putchi. Es ka konxi kel boneka panu (Emilia - Sitio do pica pau amarelo) ki ta dada na TeleVisão Experimental de Cabo verde (ex-TVEC).

Un lista di sodadis:
Sumu di bigodi, tang na baion amarelo di olio; sumol di garafa, chingua malabar; fresquinha três kor; gelados pinguim - ku direito a guarda xuva; puxada; doneti Purkelia; dropz liláz (supuzitório); djuga centro; inter-turma; karanbola; monopolio; brinka monzuar (arákua 1, arákua 2, arákua 3 ... altu); odjada; polisia ladron; kampanada (podé); saltu au eixu; anel; póti; aizun (az trokolada; az cruzada...); takada; ríngi; bara du lensu (fogu, água); baratinha; kazaku Michael Jackson; io-io; intervalo 20 minuto na gradi; relójio sukupira (trabalho manuais na japon); festa fin de periodo; video betamax, sapato sabrina; rabati (fupu, seka pitrólio); sinkuentinha na OPAD; novela o Bem-Amado; jinkana; Bulimundo; Tabanka; jogos escolares; mantenhas pela radio (para Júlia a caminho da América com votos de...); Bala ku Rubon; filmi di Bruce Lee; purfumu Lomani; xupakaka; 1, 2, 3 makakinho du chinês; prugrama “Olá meninos” (Olá, tu que estas aí...); Ti Ganga, Nhu Lobu ku Xibinhu; loja Galarias; rissois di (D. Magui) Liceu; mota Gery; Rambo I, II e III
Bu sta lenbra di tudu kes kuza li? Si bu lenbra di metadi, anton nha amigo, dja bu dâ di banda. Gosi e sô: Na nha tenpu...
Nu sta bira bedju.”



BENVINDA EU!

Sou nova nestas paragens….
Mas sempre quis ter um espaço meu, onde pudesse escrever, opinar, descrever, etc… sem ter de recorrer ao vil metal, sem ter de “meter” cunhas, sem ter de incomodar ninguém.
Quando criei o espaço, não sabia lidar com ele…. Foi uma comédia. E nessa comédia, o meu primeiro post foi um extracto de um poema que dediquei, anos atrás, à chuva…

Hoje, o meu encanto com a chuva já não é tão acelerado! Continuo adorando a natureza e suas manifestações positivas, mas… de cada vez que chove mesmo, que cai aquela tromba de água, meu único desejo (me desculpem) é que ela termine logo! Somos mesmo desgraçados! Precisamos tanto da chuva, pedimos tanto para que ela nos presenteie, mas passamos tão mal quando ela vem!

As construções de Cabo Verde, sobretudo na Praia, onde conheço melhor, não são pensadas como um pacote com chuva inclusa…. “nunca chove, por isso, para quê gastar tempo e dinheiro em pormenores que a acolham?” deve ser o que eles pensam…. Não sei.
E nessa onda, a casa que habito é definitivamente o exemplo mais vivo dessa “lógica”… quando chove à noite, já sei…. É serão na certa… a limpar e a esperar mais para limpar.
Há dias, depois de uma grande chuvada e de um serão imenso, as olheiras me chegavam às bochechas! Todos os que me abordavam por causa da minha fisionomia, ouviam meus relatos da espectacular noite que havia passado. Porém, me surpreendi também pelo facto de me aperceber, que 99% das pessoas com quem falei, haviam passado uma noite, senão igual à minha, pior! É óbvio que, à partida, sabia que havia Muita gente mesmo que se encontrava em situação pior que a minha, mas nunca me teria passado pela cabeça, que essas pessoas pudessem ser também, as que vivem em casas aparentemente superiores à minha!
Concluo que, definitivamente, a construção aqui deve ser seriamente repensada!
Não entendo nada disso, mas qualquer leigo, pode constatar que, situações destas só acontecem porque há má construção. Senão vejamos: como é possível, que numa casa, o local de escoamento da água se encontre num plano mais alto que o restante? Como aceitar que, o local de escoamento das águas se encontre a alguns centímetros acima nível do chão? Que a água entre pelos vidros e por baixo das janelas? Que as portas e janelas inchem de tal maneira que, deixam de abrir?
Isto, para não falar daquela franja da população, que me aflige a cada descarga de água, aquela que vive nas encostas, nos bairros degradados onde a cada dia surge uma nova moradia….aquela que não tem esgoto, não tem canalização, não tem janelas nem portas que incham! Que é arrastada pela lama, atacada pelos mosquitos que oportunamente se instalam após cada aguaceiro, isolada pelos caminhos que se interditam, enfim… aquela franja que “sofre calada”.
E reparem, que só falei nas casas! Nem cheguei a roçar as outras estruturas! Palavras para quê? Talvez numa outra oportunidade.

E ainda, temos a lata de falar de turismo, de desenvolvimento, e de uma série de outros ismos? Por favor! Sejamos mais realistas, mais conscientes e mais humildes!

outubro 11, 2006

COMOÇÃO

Chuva!?!
Será que sonho
quando chove,
ou será que chove
quando sonho?
O cheiro a terra molhada,
o verde reinando,
as foices cortando,
as enxadas sulcando,
e o suor do camponês...
pingando,
transformam o meu sonho
realizam minha ânsia.
É chuva!
Grossa, potente, eficaz!
Molha meu chão
e minha alma,
e com o coração
na palma da mão
choro aquele obrigado...