outubro 26, 2006

BENVINDA EU!

Sou nova nestas paragens….
Mas sempre quis ter um espaço meu, onde pudesse escrever, opinar, descrever, etc… sem ter de recorrer ao vil metal, sem ter de “meter” cunhas, sem ter de incomodar ninguém.
Quando criei o espaço, não sabia lidar com ele…. Foi uma comédia. E nessa comédia, o meu primeiro post foi um extracto de um poema que dediquei, anos atrás, à chuva…

Hoje, o meu encanto com a chuva já não é tão acelerado! Continuo adorando a natureza e suas manifestações positivas, mas… de cada vez que chove mesmo, que cai aquela tromba de água, meu único desejo (me desculpem) é que ela termine logo! Somos mesmo desgraçados! Precisamos tanto da chuva, pedimos tanto para que ela nos presenteie, mas passamos tão mal quando ela vem!

As construções de Cabo Verde, sobretudo na Praia, onde conheço melhor, não são pensadas como um pacote com chuva inclusa…. “nunca chove, por isso, para quê gastar tempo e dinheiro em pormenores que a acolham?” deve ser o que eles pensam…. Não sei.
E nessa onda, a casa que habito é definitivamente o exemplo mais vivo dessa “lógica”… quando chove à noite, já sei…. É serão na certa… a limpar e a esperar mais para limpar.
Há dias, depois de uma grande chuvada e de um serão imenso, as olheiras me chegavam às bochechas! Todos os que me abordavam por causa da minha fisionomia, ouviam meus relatos da espectacular noite que havia passado. Porém, me surpreendi também pelo facto de me aperceber, que 99% das pessoas com quem falei, haviam passado uma noite, senão igual à minha, pior! É óbvio que, à partida, sabia que havia Muita gente mesmo que se encontrava em situação pior que a minha, mas nunca me teria passado pela cabeça, que essas pessoas pudessem ser também, as que vivem em casas aparentemente superiores à minha!
Concluo que, definitivamente, a construção aqui deve ser seriamente repensada!
Não entendo nada disso, mas qualquer leigo, pode constatar que, situações destas só acontecem porque há má construção. Senão vejamos: como é possível, que numa casa, o local de escoamento da água se encontre num plano mais alto que o restante? Como aceitar que, o local de escoamento das águas se encontre a alguns centímetros acima nível do chão? Que a água entre pelos vidros e por baixo das janelas? Que as portas e janelas inchem de tal maneira que, deixam de abrir?
Isto, para não falar daquela franja da população, que me aflige a cada descarga de água, aquela que vive nas encostas, nos bairros degradados onde a cada dia surge uma nova moradia….aquela que não tem esgoto, não tem canalização, não tem janelas nem portas que incham! Que é arrastada pela lama, atacada pelos mosquitos que oportunamente se instalam após cada aguaceiro, isolada pelos caminhos que se interditam, enfim… aquela franja que “sofre calada”.
E reparem, que só falei nas casas! Nem cheguei a roçar as outras estruturas! Palavras para quê? Talvez numa outra oportunidade.

E ainda, temos a lata de falar de turismo, de desenvolvimento, e de uma série de outros ismos? Por favor! Sejamos mais realistas, mais conscientes e mais humildes!

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