agosto 31, 2007

FRAGMENTOS NO BRASIL

31.ago.2007 Redação
Ricardo de Deus lança




Foto:Divulgação
Pianista suzanense apresenta ao público da
Região seu primeiro CD, que faz um misto
entre sons típicos das culturas brasileira e africana.
LÍVIA DE SÁ
Especial para O
Diário

Radicado há oito anos no arquipélago africano de Cabo Verde, o pianista e compositor Ricardo de Deus retorna a Suzano, sua terra natal, para anunciar o lançamento de seu primeiro CD. Sob o título de "Fragmentos", o trabalho é definido por ele mesmo como um pedaço dos mais diferentes gêneros e formações, dispersado em 12 canções, que serão apresentadas oficialmente ao público amanhã, no Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi, em Suzano. O evento tem início às 20 horas, a entrada é franca e Ricardo estará acompanhado em palco por diversos músicos e amigos, a exemplo o baixista Douglas Gambôa e o guitarrista Nelter Corrêa.
A identidade cultural do álbum reflete muito do Brasil, bem como da África, e estão sobrepostos na peça sons de cavaquinho, pandeiro, bandolim, além do clássico da percussão. Ricardo também exercita a voz, juntamente a convidados especiais, mas a verdadeira marca do CD são as faixas instrumentais. "É um CD instrumental, porém há a presença de voz, seja a minha, ou a da Tetê Alhinho, ou ainda a de Dinho Ô Sague, um intérprete brasileiro. Esse instrumental vai de baladas de piano pop até alguns arpejos em quartas, lembrando a música erudita contemporânea", conta Ricardo de Deus, argumentando existir uma ligação muito forte entre Cabo Verde e o Brasil e, ter sido essa sua inspiração primeira.
Exemplo perfeito dessa fusão é a canção "Morna Brasileira". A morna, conforme explica o músico, é um gênero musical bem típico da África, que já ganhou bastante difusão na Europa. Utilizando-o como base, Ricardo acrescentou arranjos tradicionalmente brasileiros, e daí então veio a idéia para o título. Símbolo incontestável de riqueza cultural, a canção é interpretada pela cantora Cesaria Évora, que tem no currículo apresentações com grandes nomes da indústria musical, a exemplo os consagrados Marisa Monte e Caetano Veloso. Além disso, toda ela é cantada na língua falada em Cabo Verde, formada pela junção entre português arcaico e dialetos locais.
Em estúdio, Ricardo escolheu como convidados aqueles que têm ou tiveram ligação musical consigo, como é o caso do Arkora, grupo com quem toca junto desde que chegou a Cabo Verde. Já os músicos brasileiros, quase todos da capital paulista, vão desde aqueles que acompanharam o princípio da carreira de Ricardo até seus próprios estudantes. "O mais interessante é que reuni no CD três gerações da minha história musical. Comecei por aqueles que me ensinaram tudo que eu sei, indo até meus alunos", diz o pianista, que também leciona música.
Como não poderia faltar, "Fragmentos" apresenta, por diversas vezes, o estilo musical considerado como o genuíno retrato da brasilidade: a bossa nova. Ricardo se confessa fã inveterado do gênero, e fala ainda sobre o processo de articulação do álbum, que exigiu dois anos de trabalho. O músico não esconde a alegria por ter conseguido lançar seu CD, mesmo não possuindo contrato assinado com uma gravadora. Todo o trabalho de divulgação foi feito por ele próprio, que se orgulha de já ter vendido, somente pelo "boca-a-boca", cerca de 1.500 cópias. "Por se tratar de um álbum de estréia, independente e de cunho não comercial, estou muito satisfeito com os resultados", completa.

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