janeiro 14, 2007

ATENTADOS PUBLICOS VI

MOVIMENTAÇÃO NA PRAÇA

A nossa querida Praça, álbum físico de nossas recordações, sumiu!
Outrora, pelo menos para os de minha geração ou outras anteriores, local de encontros, convívio e lazer de todas as idades, repleto de uma flora diferenciada que emprestava um tom multicolor aos olhos, de sons deliciantes provindos do repuxo de água, de burburinhos característicos da esplanada sempre cheia, da regular presença da banda no Coreto aos domingos, de candeeiros prenhes de uma luz viva e branca, tornou-se hoje e, de há uns anos para cá, num lamentável engano, num fantasma central, onde, até os mais idosos que se sempre tiveram seus lugares cativos em seus bancos de madeira e pedra, têm receio de frequentar, depois que o sol se vai e a negritude da noite chega!
Mandaram a Esplanada abaixo, sem mesmo terem sido consultados e ouvidos os munícipes, deixaram as plantas secar, as lâmpadas fundir, o Coreto se calar e os bancos se quebrar!
Depois, alguém se lembrou, e plantas foram repostas (já não as mesmas, que pena!), os bancos substituídos, mas aquele vazio deixado pelas paredes da esplanada, lá permaneceu! O repuxo reiniciou de forma tímida, há algum tempo já! Fala-se na construção de uma nova Esplanada… será? Mas… porque se deitou abaixo a outra?
O piso conheceu também uma nova roupagem… enquanto o do interior, que circunda a “fonte”, levou séculos para ser pavimentado (e parece-me que ainda não está definitivamente concluído), o da parte exterior, aquele onde tantas vezes fizemos “grogue”, no espaço de dois dias, levou uma “bofetada” de alcatrão e cilindro, e se transformou naquela coisa amorfa e sem vida que temos agora. Para “retocar” manda-se pintar umas grotescas simulações de figuras do nosso “panu tera”, a ver se a malta se resigna. Não gostei… sinceramente! Sou muito a favor da estética, e acho que a Praça merece, a cidade merece e, nós utentes, merecemos.
Tudo bem, não deixo de levar em conta, que houve uma tentativa de melhorar qualquer coisa, mas as soluções apressadas de concretização imediata, nem sempre são as mais apropriadas. Concerteza, que se trata de uma medida provisória mas, porque não aprendemos a pensar grande e, dessa forma, a poupar esforços e trabalho, efectuando obras definitivas e pensadas? Todo o processo evolutivo deve ser acompanhado de lógica.
Qual será o destino do “mictório”? O vulgo “metro”?
Para quando lâmpadas brancas, que iluminam, para substituir essa moda do amarelo pálido que só confunde?
Para quando NOSSA Praça?
Não é saudosismo, é pura reivindicação de nossa beleza, de nossa história, de nosso património… será demais?

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